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MOEDA BRASILEIRA DE OURO ATINGE A CIFRA DE R$ 1.000.000 de REAIS

 

Bentes, o primeiro catálogo de Moedas do Brasil a cotar uma moeda em R$ 1.000.000,00 (Um milhão de reais).

Para comemorar a ascensão de D. Pedro ao trono imperial, cunhou-se a moeda de ouro de 6.400 réis, conhecida como Peça da Coroação, primeira moeda do Brasil independente, hoje considerada uma das mais raras e valiosas da numismática brasileira. Existem algumas teorias (não comprovadas) a respeito dessa cunhagem: A primeira diz ter sido confeccionada de última hora, para servir de oferenda à igreja na missa realizada na ocasião da sagração e coroação do nosso primeiro imperador. A segunda diz que as 64 moedas cunhadas seriam oferecidas aos 64 ilustres convidados à cerimônia, como recordação do evento.

Uma terceira teoria diz que deveriam cunhar uma quantidade maior de moedas (bem mais de 64 exemplares), destinadas não somente às autoridades presentes, mas também para serem postas em circulação. A cunhagem teria sido interrompida por D.Pedro (pelos motivos expostos a seguir), quando já haviam sido fabricadas 64 moedas. Dessa forma, seja como for, ficou conhecida, desde 1908, no meio numismático, como a Peça da Coroação, onde “peça” é designação portuguesa da época para moedas de ouro com valor de 6$400 réis. 

 

Os 64 exemplares iniciais, assinados pelo gravador Zeferino Ferrez e fabricados pela Casa da Moeda do Rio de Janeiro, não chegaram a cumprir seu objetivo primário; aparentemente, a cunhagem foi suspensa por D. Pedro I. Ao que tudo indica, não agradou ao soberano a sua imagem com busto nu, à semelhança daquela usada no mundo romano antigo como eram retratados os imperadores nas antigas moedas romanas. Além disso, por um equívoco, a coroa encimando o escudo imperial é a real diamantina (ornada com pedras preciosas ou pérolas justapostas, símbolo do poder real), em vez daquela imperial (designativa do título). Aliado a isso, a omissão da palavra CONSTITUTIONALIS e do complemento ET PERPETUUS BRASILIAE DEFENSOR, de acordo com o soberano e seus conselheiros, poderia pressupor um desejo de poder absolutista.

Primeiro sistema monetário do Império do Brasil, 1822R (Casa da Moeda do Rio de Janeiro), catalogado sob os nºs. 538 (Catálogo Santos Leitão) e 0-1240 (Catálogo Kurt Prober), descrita na página 104 do Catálogo Souza Lobo, estampa LXX.

 

  1. Metal: Ouro 916 2/3 milésimos = 22 quilates

  2. Peso: 14,342 gramas (4 oitavas). O peso oficial é de 4 oitavas = 14,342 gramas, sendo toleradas as variações entre 14,1 e 14,6 gramas.

  3. Diâmetro: 32,2 mm. Tratando-se de cunhagem efetuada em prensa monetária manual (balancim), poderão aparecer exemplares legítimos com pequenas variações de diâmetro. O diâmetro aproximado da “PEÇA DA COROAÇÃO” é de 32,2 milímetros.

  4. Ângulo: O ângulo, do anverso para o reverso é de 350 graus, portanto ligeiramente inclinado.

  5. Bordo (espessor): Serrilhado. Escama (serrilha) de segurança, também denominada “escama de peixe” ou “serrilha flor de lis”.

  6. Tiragem: 64 unidades - Rs. 409$600 (Quatrocentos e nove mil e seiscentos réis).

 

Dos 64 exemplares cunhados, um total de 16 exemplares dessa moeda, datada de 1822, registrados em coleções nacionais e estrangeiras, a saber:

 

  1. Museu de Valores do Banco Central do Brasil (Brasília-Brasil) — ex Coleção Nunes, de Belo Horizonte

  2. Museu de Valores do Banco Central do Brasil (Brasília-Brasil) 

  3. Museu do Banco do Brasil (Rio de Janeiro-Brasil)

  4. Museu do Banco Itaú (São Paulo-Brasil) — ex Coleção José Benedito de Moura 

  5. Museu Histórico Nacional (Rio de Janeiro-Brasil) — ex Coleção Guinle

  6. Coleção privada — São Paulo

  7. Coleção privada — São Paulo

  8. Coleção privada — São Paulo —  ex Coleção R Pagliari, peça leiloada em 1986 pela Casa De leilões Spink, em Nova Iorque

  9. Coleção privada — São Paulo —  ex Coleção Julius Meili (Zurique-Suiça) —  ex Museu Nacional (Zurique-Suiça)

  10. Coleção Dr. Roberto Villela Lemos Monteiro (São Paulo-Brasil)  —  Em 1909, pertencia à coleção Augusto de Souza Lobo (Rio de Janeiro-Brasil) . Em 1947 passou a fazer parte da Coleção Guilherme Guinle (Rio de Janeiro-Brasil, segunad peça no acervo do numismata) — Em 1986, entrou para o acervo do Dr. Roberto Villela Lemos Monteiro (São Paulo-Brasil). Em 2014 foi leiloada na Casa de Leilões Heritage (Nova Iorque-EUA), lote 23072

  11. Coleção privada — São Paulo —  ex Coleção R H Norweb — 1997 Leilão Spink (Nova Iorque-EUA), lote 1068, R H Norweb

  12. Coleção privada — Rio de Janeiro

  13. Coleção privada — Bahia

  14. Coleção Museu Numismático Português (Lisboa-Portugal)

  15. Coleção em Lisboa (Lisboa-Portugal)

  16. Coleção privada — Estados Unidos. Em 1908 pertencia ao acervo de Alves de Araújo Ramos (BA-Brasil). Em 1910 foi leiloada por Jacques Schulman (Amsterdã-Holanda), mas não chegou a ser vendida. Em 1916 entrou a fazer parte da coleção Harry F. Williams (EUA). Em 1918 entrou para o acervo de  Waldo C. Newcomer (Nova Iorque-EUA). Em 1935 foi leiloada por  J. C. Morgenthau (Nova Iorque-EUA), lote 129. Em 1935 entrou a fazer parte do acervo de John H. Clapp (EUA). Em 1945 entrou para o acervo de Louis E. Eliasberg (Baltimore-EUA), sendo leiloada em 2005 por ANR-American Numismatic Rarities/Spink (Nova Iorque-EUA), lote 1262, L. E. Eliasberg (não vendida). Finalmente foi vendida em 2012, pela Casa de leilões Heritage (Nova Iorque-EUA), lote 23733.

 

 

CRITÉRIOS NA NOSSA VALORAÇÃO:

 

A cifra de € 320.000,00 euros (correspondentes a um milhão de reais) é ainda baixa para peça de tamanha magnitude, considerada a mais cobiçada e importante da numismática brasileira. As moedas brasileiras, há algum tempo, já ultrapassaram as fronteiras sul-americanas, sendo cada vez mais cobiçadas por numismatas e investidores estrangeiros, no mundo inteiro. Em épocas anteriores - quando ainda não se falava tanto em moedas brasileiras, continuamente oferecidas em leilões internacionais - não teríamos chegado a esse cálculo. Os parâmetros são:

 

1. Raridade - Além de serem pouquíssimos os exemplares, raramente são oferecidas no mercado. Sabemos que existem outras moedas da nossa numária, tão ou mais raras que a peça da coroação, sem no entanto exercerem o mesmo interesse e fascínio despertado por essa moeda. Outras moedas tão ou mais raras surgem com mais frequência em hastas, com seus proprietários mais dispostos a negociá-las do que uma “peça da coroação” (caso a possuam em seus acervos) que tem passado de geração em geração, nas famílias de numismatas que já se foram há muito tempo.

 

2. Importância e notoriedade - É, sem dúvida, a peça mais importante e cobiçada da nossa numismática. Sabemos que um ou outro poderá dizer que não é bem assim, que preferiria ter em seu acervo esta ou aquela outra moeda, ao invés da peça da coroação. Contudo, as notícias no mundo numismático, a importância da moeda como um divisor de águas da história do país, as polêmicas em relação à sua cunhagem, o desejo e o fascínio que desperta, a elevam ao patamar das mais importantes peças da numismática mundial. Levando isso em consideração, o mínimo que um belo exemplar soberbo (como é o caso da nossa avaliação) poderia facilmente atingir, num leilão internacional, a cifra de US$ 500.000,00 dólares.

 

3. Os crescentes valores que a moeda vem atingindo em leilões internacionais - A última peça da coroação vendida em leilão, trocou de mão por US$ 499.375,00 (quase 500.000 dólares) o que, ao câmbio dessa semana, equivalem a 1.200.000,00 reais, bem além da nossa estimativa. Sabemos que quem a comprou não foi um brasileiro como alguns alardearam prematuramente. Por outro lado, entendemos perfeitamente que a nossa numismática ainda não tenha chegado ao patamar da americana ou inglesa, mas isso não é justificativa para se vender a mais importante moeda do Brasil por valores abaixo do que se pratica no mercado internacional de moedas raras ou raríssimas. Todavia, avaliamos diversas moedas bem abaixo do que realmente representariam, se tivessem a mesma acolhida no mercado internacional. É o caso, por exemplo, de moedas de cobre raras ou raríssimas que mesmo na classificação R4, fazem fadiga a ultrapassar a cifra dos US$ 10.000,00. 

 

Finalizando, o que talvez surpreenda seja o termo MILHÃO e não o que a moeda realmente vale, observada a valuta brasileira. Não estamos falando de um milhão de dólares (ainda), ou de euros ou muito menos de esterlinas. Em moeda inglesa, por exemplo, ao câmbio de hoje, R$ 1.000.000,00 de reais seriam GBP 260.000 esterlinas, o que ainda consideramos pouco para peça de tamanha importância. Por último, convém recordar que a avaliação no nosso catálogo é para o estado soberbo o que, no nosso caso, é uma moeda muito bela, peça para colecionador exigente.

 

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