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A fotografia em numismática

Tratando-se de numismática, certamente nada pode substituir o prazer da observação direta e do contato material com o objeto do nosso desejo e interesse. Contudo, a imagem fotográfica se faz necessária em diversas situações, solucionando uma série de problemas práticos, nos permitindo, de maneira simples cômoda e econômica, a visualização simultânea de anverso e reverso de um exemplar, por justaposição de imagens.

Os conceitos que iremos examinar podem obviamente ser reeditados e aperfeiçoados. Tudo depende do seu gosto pessoal, se a foto lhe agrada (mais ou menos iluminada, com detalhes ou apenas o campo, etc). Mesmo depois de muito praticar, de efetuar numerosos testes, por você irá se defrontar com imagens em sites ou em catálogos que irão te despertar a vontade de pesquisar cada vez mais, até alcançar um resultado qualitativo satisfatório.

Figura: Imagem obtida com Canon EOS 5D Mark III, objetiva macro 100mm.


Basta imaginar a comodidade de possuir um arquivo digital para consulta, com imagens em alta definição, inclusive acompanhadas de suas respetivas descrições — o que pode ser realizado com facilidade na própria imagem do objeto, na posição que melhor nos convém — para compreender a importância e a necessidade da fotografia para a numismática. Não se configura apenas em mera documentação de arquivo; convém recordar que a imagem ampliada de um objeto de pequenas dimensões, como as de algumas moedas, são capazes de provocar um forte impacto visivo, revelando particularidades de um determinado exemplar, não visíveis a olho nu.

Figura: Imagem obtida com Leica M10 com sensor FF de 24 megapixels.


Apesar de simples, a fotografia macro tem seus segredos e mesmo que as técnicas usuais lhe sejam ensinadas, provavelmente você irá dar o seu toque pessoal, uma espécie de marca registrada, em suas fotos.


Os capítulos deste guia serão os seguintes:


INTRODUÇÃO: CONSTRUINDO O "set" FOTOGRÁFICO

Suporte para moedas: Funcionalidade e recursos

Pode-se imaginar que uma folha branca normal na qual colocar a moeda seja mais do que suficiente, e em alguns casos, tratando-se de fotografia, é assim. Porém, ao fazer isso, não será possível "separar" a moeda de sua sombra refletida na folha.


Ao invés disso, um conjunto apropriado para colocar a moeda nos permitirá eliminar o efeito de sombra, tornando o resultado fotográfico mais esteticamente agradável e, ao mesmo tempo fazer com que tudo seja menos problemático quando formos trabalhar a nossa fotografia em PP (Pós-produção) substituindo o fundo com outro totalmente branco, como acontece nas fotos profissionais dos catálogos de leilões.


Aqui estão as "ferramentas" que servem a uma instrumentalização fuocional, prática e de "baixo custo", por assim dizer.

  • Um porta-moedas

  • Uma lâmpada de baixo consumo

  • Um tripé, quadripé ou haste.

  • Uma lâmina de vidro translúcido com o tamanho de 24x18 cm

Opcionais

  • Dispositivo (com o sem fio) para controle do tempo de exposição.

  • Computador conectado à fotocâmera através de software Canon EOS Utility ou equivalente.

  • Uma caixa de papelão cortada ao meio e com pelo menos dez centímetros de altura, sobre a qual praticaremos aberturas em ambos os lados, de modo a permitir que mais luz ilumine o fundo.

  • Um cartão branco que aplicaremos na parte inferior da caixa

  • Uma lâmina de vidro, bem limpa e sem impressões digitais, capaz de cobrir mais do que abundantemente toda a largura da caixa.

  • Um pedaço de feltro adesivo (daquelas que se aplicam nos pés das cadeiras para não fazer barulho), com o mesmo diâmetro da moeda, que deverá ser aplicada no vidro para que a moeda tenha um suporte macio sobre o qual será colocada, e que ao mesmo tempo facilitará o manuseio sem hesitação. É aconselhável o uso de várias "almofadas" (discos) de feltro de diferentes diâmetros, obedecendo o tamanho do objeto (moeda) que se quer fotografar (preste atenção para que o disco de feltro não se projete além do borda da moeda).

1. O suporte com calibrador milímetrico

Existem no mercado, em diversos materiais e dimensões que devem ser levadas em conta em função da câmera que está sendo usada (quanto mais pesada a câmera, mais robusto deve ser o suporte, evidentemente). Existem os de uma única haste, os tripés e os quadripés, mais difíceis de encontrar no mercado brasileiro; além de muito práticos e funcionais, alguns quadripés mais sofisticados contam com a vantagem de regulação automática "linkada" ao foco da câmera. Basta uma pesquisa na internet para descobrir onde encontrar uma gama muito variada de suportes, vendidos no exterior, na UE ou nos EUA (basta encomendar, pagar e receber comodamente em casa).


2 e 3. Fotocâmera e objetiva

Também existem diversas, para todos os gostos e bolsos, haja vista que algumas marcas não custam pouco. Evidentemente para quem tem condições, as melhores são da marca LEICA, seguidas pela NIKON, CANON e SONY . Como esclarecido, existem de todos os preços, a partir de US$ 300,00 e até US$ 60.000,00 dólares, o que evidentemente é um exagero, pois tratam-se de fotocâmeras para profissionais de cinema, fotografia, grandes estúdios fotográficos, etc.

Quanto às objetivas, não há como escapar, as lentes certas para macrofotografia são as de comprimento focal fixo que permitem uma ampliação de pelo menos 1: 1. São encontradas no mercado a partir de 50 mm e o preço aumenta à medida que o comprimento focal aumenta. Contudo, abaixo de 100 mm, torna-se difícil realizar uma foto de boa qualidade, em alta resolução e que podem ser apliadas sem perda de qualidade. Somente profissionais da fotografia conseguem realizar fotos macro com objetivas com reduzido comprimento focal, mas necessitam de acessórios que não se prestam ao amador. As lentes macro mais populares, adaptadas ao uso para a fotografia numismática, são aquelas com distância focal de 100 ou 105 mm.


Existem no mercado de "fabricantes terceirizados" de "lentes zoom" onde constam a palavra "macro" no nome, o que certamente se configura em abuso do termo, pois essas lentes não são capazes de atingir uma proporção de ampliação de 1: 1. Simplesmente, o que elas fazem é reduzir a distância mínima de foco em comparação com outras lentes de zoom. Por exemplo, a "70-300 mm da Sigma" dá a possibilidade de reduzir a distância focal para 90 cm em distâncias entre 200 e 300, através de um "botão" especial. Contudo, se pretendemos realmente realizar macrofotografia, não devemos nos enganar pelos nomes dessas lentes. Por outro lado, quem pretenda adquirir, por razões econômicas, uma lente telefoto que permita experimentar uma aproximação da fotografia macro, então a "70-300 mm da Sigma" pode ser uma boa escolha. Também não deve ser esquecido que as lentes macro são construídas de forma a obter a máxima nitidez mesmo em distâncias muito curtas, um recurso que as lentes zoom genéricas não possuem.


4. Microscópio eletrônico digital

Infelizmente, não existem muitos tutoriais sobre como fotografar moedas, em língua portuguesa. A maior parte está em inglês, francês, italiano ou espanhol. No vídeo a seguir, o autor fala a respeito dos preços de fotocâmeras e aponta uma alternativa ao uso dessa "ferramenta", que seria o microscópio eletrônico digital de alta definição de 500x a 1600x com suporte para Windows, Mac e com a possibilidade de conexão a celular.


É uma boa alternativa, muito econômica e que satisfaz plenamente aos iniciantes em fotografia macro, proporcionando boa imagens de moedas, incluindo ampliações de talhes não visíveis a olho nu.


5. A distância mínima

Na escolha de uma lente para macrofotografia, é muito importante considerar a distância mínima de trabalho, ou a distância mínima entre a frente da lente e o objeto a ser fotografado, o necessária para obter uma ampliação de 1: 1. Por que isso é importante?

Ao fotografar objetos inanimados, como moedas, das quais existem belas macrofotografias, esse valor tem pouca importância. No entanto, os fotógrafos macro costumam tentar imortalizar insetos ou pequenos répteis, portanto seres vivos. Como todos sabemos, é difícil chegar perto deles além de um certo limite, porque eles tendem a escapar. Portanto, uma lente com uma distância mínima de trabalho maior nos permitirá ficar mais longe de nosso objeto e, portanto, reduzir o risco de realizar uma foto ruim. Por exemplo, uma macro de 50 mm para obter uma ampliação de 1: 1 requer uma distância de 7 cm do objeto, o suficiente para fazer provavelmente qualquer inseto escapar. Pelo contrário, uma 100 mm para obter a mesma ampliação é suficiente uma distância de 14 cm. A essa altura poderiam dizer "eu não fotografo insetos e sim moedas que não se movem". Certo, mas convém esclarecer que 7 cm é uam distância muito reduzida para que se possa trabalhar com folga e ainda observar a olho nu a posição correta do objeto a ser fotografado. É mais conveniente e confortãvel ter uam distância maior entre a lente e a moeda, inclusive paar poder manuseá-la sem o "fastídio" de ter que se inclinar sobre a base para observar se a posição está correta. Basta usar um pouco de imaginação para entender que "espaço" para trabalhar, nesse caso específico melhora o resultado final.


6. Iluminação

Quanto mais iluminado for o cenário, melhor será a foto da moeda. Contudo, convém esclarecer, os flashes não são uma boa opção, pois geram reflexos instantânesos sobre os quais não temos controle. O melhor sistema é o da iluminação axial difusa, como explicado no vídeo a seguir:


7. Visor angular para controle do foco

Apesar de não parecer, é um acessório que facilita o trabalho do fotógrafo, caso o objeto seja colocado em posição inclinada ou quase vertical. O visor angular pode ser adquirido separadamente em qualquer boa loja de materiais para fotografia. A imagem a seguir é auto-explicativa.


8. Ajustes de objeto e foco

A moeda deve ser apoiada, de preferência, sobre uma folha de cartão, preta e opaca, de forma a não reflitir a luz. Entre a objetiva e a moeda, coloca-se uma lâmina de vidro (espessura 2mm e diâmetro máximo de 30 cm) posicionada obliquamente e voltada para a fonte de luz lateral, como se pode observar na imagem a seguir. A luz lateral incide sobre a lâmina de vidro, refletindo sobre o objeto (moeda). Movendo ligeiramente a lâmina de vidro, pode-se notar perfeitamente que a iluminação sobre o objeto (moeda), muda, a medida que mudamos a posição da lâmina de vidro.

Observando atentamente através do visor angular, pode-se ajustar o foco e a iluminação até o momento em que a moeda aparece focada e iluminada de maneira uniforme, com os reflexos e sombras sobre os detalhes em relevo satisfatórios, nos fornecendo uma imagem clara e nítida. É suficiente ajustar o tempo de exposição num intervalo entre 5 e 10 segundos, auxiliado pelo dispositivo de controle.

É aconselhável realizar as fotos em ambiente idôneo (quarto escuro), sem a presença de outras fontes de luz que possam interferir na iluminação. A luz deve ser difusa e dura, podendo-se colocar entre a fonte e a lâmina de vidro uma outra lâmina que permita passar iluminação mais tênue (exemplo: uma lâmina transparente como as de um vidro “leitoso”)...ver figura a seguir.

Ao aproximar a fonte de luz do objeto (moeda), o grau de difusão aumenta; ao afastar, obtemos uma luz mais dura e direcionada.


A boa performance na reprodução fotográfica de uma moeda se obtém mantendo sob controle os reflexos sobre a superfície metálica e as sombras produzidas pelos detalhes em relevo, cujo excesso prejudica a visão das particularidades e dos elementos essenciais da moeda. A imagem deve ser a mais real possível, agradável aos olhos. É necessário, em alguns casos (moeda que tenha perdido grande parte do seu brilho original, por exemplo), manter alguns pontos de reflexão e zonas sombreadas sobre o campo, de forma a produzir uma imagem esteticamente melhor. Convém recordar que um bom resultado depende, quase que exclusivamente, do sistema de iluminação que utilizamos.


A seguir, diferentes imagens obtidas com iluminação indireta, com luz difusa dura, e objeto posicionado lateralmente à fonte de luz.


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