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Como colecionar e conservar moedas

Montagem da coleção, escolha das moedas, acondicionamento, conservação, metodologia.

Os ítens colecionáveis formam um universo muito vasto. Existem colecionadores de estampas de sabonete, de cartões telefônicos, de soldadinhos de chumbo, de artigos da Coca-Cola, de fichas de telefone, de garrafas, de artigos esportivos, de autógrafos , etc...e também de moedas, cédulas, medalhas e selos. Primeiramente, vejamos como nasceu a moeda:


Ao contrário dos exemplos iniciais, quem pretende se dedicar ao colecionismo dos últimos ítens citados (moedas, cédulas, medalhas e selos), deve entender que a numismática e a filatelia, muito além de um mero ajuntamento de objetos, são ciências que, como tal, necessitam de muita dedicação, empenho, muita leitura e estudo. Basta dizer que, na Europa, existem faculdades inteiramente dedicadas a estas ciências, como a Universidade de Viena que mantém em seu programa, cursos de graduação e pós-graduação em Numismática e História Monetária, ou a URC (Universidade de Moedas Raras), uma plataforma de ensino on-line criada em 2010. Nela o interessado irá encontrar cursos voltados para a ciência numismática, estudando a fundo, desde a origem da moeda na antiguidade, a história monetária até os dias atuais. Com muitos textos, imagens, extensa pesquisa partindo da Biblioteca do Congresso Nacional dos EUA, do Arquivo Nacional e dos museus americanos, a URC propõe trazer à luz do entendimento, a pouco conhecida história numismática, através de fatos, fotos e ilustrações, documentos raros e muito estudo, possibilitados pelos mais modernos recursos colocados à disposição dos interessados.


Quem pretende enveredar pelo mundo destas ciências, em particular a numismática, deve saber que a sua filosofia e o seu entendimento do que seja colecionismo culto, servirão a determinar se realmente é um numismata ou mais um, entre tantos, que se contentam apenas em possuir um ajuntamento de objetos, uma espécie de passatempo para preencher as horas livres, o que pode ser feito com qualquer outro tipo de coleção. Acumular moedas, seja pelo seu preço, por sua raridade, por sua beleza ou por qualquer outro critério não científico, não basta para formar o numismata por excelência. Contudo, o objetivo desse texto não é o de discutir filosofias sobre este ou aquele tipo de colecionismo. Estamos aqui para orientar, principalmente quem está tentando dar os primeiros passos dentro desse universo de cultura e conhecimento específicos, para que não se desestimule no meio do caminho, o que em geral acontece com quem começa com o passo errado. Se você é daqueles que procura apenas um hobby, um passatempo para as horas vagas, aconselhamos um colecionismo menos empenhativo, que não exija tanta paciência, tanta dedicação, leitura e estudo. Do contrário, o que poderia ser uma fonte imensa de conhecimento, capaz de proporcionar horas de prazer e deleite, irá se revelar uma grande desilusão.

QUAL A MELHOR FORMA DE INICIAR?

Não existe outra resposta que não seja "LER", informar-se a respeito, instruir-se, pesquisar, curiosar (pode ser no Facebook, ou em sites especializados, ou em blogs, etc). O importante é sondar o terreno, observar com prudência e deixar o tempo passar, amadurecer, para poder saber se a coisa não passa de simples empolgação. Descobrir que aquilo que parecia amor à primeira vista, não passava de uma paixão desenfreada que te fez gastar um monte de dinheiro, é desalentador; principalmente se todo esse dinheiro foi apenas gasto, sem qualquer possibilidade de retorno.


Nota - Aqui, nesse ponto, é necessário esclarecer: Ninguém gosta de jogar dinheiro fora. Essa conversa de "o que interessa é o colecionismo", "faço isso por amor e não por dinheiro", "dinheiro é o que menos conta" é o que, no jargão popular, se chama "conversa prá boi dormir". Ninguém, de são consciência, gosta de descobrir que toda uam montanha de dinheiro que gastou não vale absolutamente nada, ou muito menso do que "investiu". Atualmente, na TV, existe um programa onde o apresentador se propõe em avaliar diversas coleções nos EUA. Entra na casa do colecionador, mostra a todos o tamanho da sua coleção e, ao final, diz ao seu feliz (ou desiludido) proprietário, quanto vale a sua paixão. Ao que me consta, até agora não vi ninguém dizer "isso não me interessa". Claro que interessa, afinal estamos falando de dinheiro. Queira ou não, mesmo que o objetivo principal seja de foro íntimo, mais atrelado à satisfação pessoal, ao amor pelo hobby, do que propriamente ao capital gasto, é SIM, uma forma de investimento. Voltando ao que interessa, a melhor forma de iniciar é a seguinte:

1) Ingresse em uma sociedade numismática

As Sociedades Numismáticas, a exemplo da SNB, dispõem de biblioteca com boas fonte de consulta. Atualmente, as mais frequentadas são a Sociedade Numismática Brasileira, localizada em São Paulo e a Sociedade Numismática Paranaense, de Curitiba.

A SNB conta com uma biblioteca muito vasta, contendo importantes volumes, acumulada desde a sua fundação em 1924. Quem pretende iniciar na numismática, esse é o melhor caminho. A anuidade custa muito pouco, se levarmos em conta o que a Sociedade oferece. Além disso, é ali que se reúnem os que que podem dar bons conselhos a quem inicia. As reuniões aos sábados, a oportunidade de participar de eventos e o acesso à sua ampla bliblioteca irão ajudar muito a quem, no início, é apenas um "curioso". Informe-se, observe os leilões, pergunte e, principalmente, leia muito; principalmente se familiarize com o vocabulário (orla, bordo, reverso invertido, serrilha, incusa, cerceio. Essa é a primeira fase. O aspirante a numismata está "namorando" o que pode, ou não, se retornar uma grande e duradoura paixão.

Museus, sociedades numismáticas e instituições financeiras, estão cada vez mais preocupadas em preservar a memória das nações. A numismática contribui notavelmente para compreender a história da humanidade.

2) Dê tempo ao tempo

Traduzindo: "Não meta a mão no bolso, comprando tudo que aparece". As moedas estão aí, aparecem sempre. O que pode parecer uma oportunidade única, na verdade reflete-se mais como ansiedade de "marinheiro de primeira viagem". Enquanto não estiver preparado, não compre, não gaste seu rico dinheirinho. Você ainda nem sabe como guardar suas moedas, nem mesmo sabe como colecioná-las, nem mesmo sabe se deve ou não metê-las debaixo d'água com sabão e dar-lhes uma bela escovada, antes da esfregadela com Kaol. Aliás, diga-se de passagem, em hipótese alguma, faça isso.

Começando cedo: O colecionismo culto instrui, educa, desenvolve a inteligência e a imaginação, ajuda a plasmar o caráter e mantém a criança e o jovem adolescente longe dos problemas que tanto afligem os pais.


Deixe a coisa esfriar, a empolgação passar e o desejo amadurecer. Quando você tiver certeza de que não "pode viver sem ela", antes mesmo de possuí-la, pense onde irá "guardá-la". Afinal, estamos falando de um "casamento" e, como diz o jargão popular, "quem casa, quer casa". Chegou a hora de você aprender como tratar, guardar e conservar suas moedas:


3) Limpeza das moedas

Trata-se de um capítulo controverso; principalmente porque o leitor encontra um elenco enorme de opiniões, o que termina por confundi-lo ainda mais. Dessa forma, ilustraremos aqui apenas o resultado da nossa experiência no manuseio e conservação das moedas, ao longo de quase 30 anos lidando com a numismática.

Limpeza – Jamais limpe uma moeda!

Principalmente não o faça com água, detergente (nem mesmo neutro), amônia ou com qualquer outro produto abrasivo. O uso de escovas de dente (mesmo aquelas para bebês, muito macias) irão arruinar a sua moeda.

Por que?

Resposta: Uma moeda leva anos para adquirir uma bellíssima pátina - o numismata Cesar Bulgarelli costumava chamá-la de pátina cor de elefante - que outros preferem chamar de pátina de medalheiro, recordando os antigos armários confeccionados em madeira nobre, onde se guardavam as moedas acondicionadas em cofres, permanecendo ali trancadas por anos. Jamais devemos lavar ou expor uma moeda a qualquer produto químico. Os produtos abrasivos como kaol ou brasso devem ser absolutamente evitados, pois literalmente retiram toda pátina da moeda, danificando-a.

Como se deve, então, limpar uma moeda aparentemente “suja” ?

Resposta: Não deve ser feito! A melhor decisão é deixá-la como a compramos. E mesmo que seu aspecto nos incomode, é mister recordar que para um estudioso, ou para um colecionador experiente, aquilo que ao neófito pode parecer sujeira, é na verdade um ponto a mais no grau de conservação e consequente valorização da moeda. Se realmente for necessário, o trabalho deve ser executado por profissional gabaritado. Na Europa e nos EUA existem laboratórios especializados na limpeza e conservação de moedas.

4) Conservação das moedas de coleção

Mais um capítulo polêmico e controverso. Dessa forma iremos transcrever aqui o resultado do nosso convívio diário com a numismática. Trata-se tão somente de uma opinião oriunda do nosso habitual manuseio de moedas. Lembre-se: "enxoval" em primeiro lugar. Aqui a ordem é a poligamia; é hora de aprender a preparar o harém para as suas namoradas.

Existe uma infinidade de produtos, dos mais variados, oferecidos no mercado. O colecionador brasileiro, em particular, tende a supervalorizar os produtos estrangeiros, quando na verdade a questão reside não no produto, mas sim numa espécie de filosofia do colecionismo, adquirida ao longo dos anos.

Figura: Os materiais colocados no mercado, à disposição dos colecionadores, é muito vasto e de diversos fabricantes. Nos mercados europeu e americano, a variedade é enorme, indo de produtso de mediana qualidade, até os "top" de linha. De certa forma, isso contribui a confundir ainda mais o colecionador iniciante, que fica indeciso na hora de escolher como irá acondicionar suas moedas. O importante é escolher um que se adapte à sua coleção, dando um aspecto homogêneo ao conjunto que pretende formar...clique na imagem, para ampliar.


Atualmente, os mais experientes nessa área são poucos; na verdade, quase inexistem. Em algumas raras oportunidades nos deparamos com moedas com pequenas marcas de esmalte vermelho ou azul, o que imediatamente nos ajuda a identificar um desses antigos numismatas. Os envelopes de papel pergaminhado antigo (parecem alinhavados) contendo anotações em escrita fina de antigas canetas, são indícios de quem possa ter sido o proprietário de um determinado exemplar. Geralmente são exemplares que apresentam uma pátina sutil e belíssima, uma coloração adquirida ao longo de muitos anos de conservação em cofres e medalheiros, sempre acondicionadas em envelope de papel pergaminho, contendo anotações extremamente relevantes, quase sempre realizadas em bela caligrafia.

Imagem: Gaveteiro para acondicionar moedas de coleção


Hoje nos deparamos com uma gama enorme de produtos, realizados com os recursos de que dispõe a moderna tecnologia. Envelopes plásticos (ou de acetato), malas, maletas, estojos, gaveteiros de plástico, divisórias forradas em veludo ou com o chamado flocado; as marcas são muito conhecidas do público apaixonado pelo colecionismo. Sem desmerecer o uso desses materiais, por razões particulares optamos por dar preferência ao método tradicional.

No dia-a-dia do nosso contato com a numismática, aprendemos que o melhor método para conservar moedas ainda é aquele desenvolvido pelo numismata César Bulgarelli. Consiste num recorte de papel Canson de excelente qualidade, de forma quadrada; um primeiro invólucro que, em seguida, será acondicionado no envelope.

A técnica é simples, mas extremamente eficaz:

  1. Em primeiro lugar, recorta-se o papel Canson em um quadrado de aproximadamente 151 mm x 151 mm, ou outras dimensões, mas sempre em formato quadrado.

  2. Em seguida, dobra-se o quadrado de maneira a formar um invólucro de 50 mm x 50 mm. Basta dobrá-lo em 3 partes iguais, vertical e em seguida perpendicularmente.

  3. Acondiciona-se a moeda dentro desse invólucro; todo conjunto vai dentro de um envelope quadrado de dimensões que podem variar de 52 a 60 mm.

O papel do tipo Canson é recortado em um quadrado de aproximadamente 151 mm x 151 mm.

A moeda, já acondicionada em seu invólucro, está pronta para ser colocada no envelope.

O resultado final, a moeda em seu invólucro de papel do tipo "canson", é colocada dentro do envelope, garantindo uma singular proteção ao exemplar, além de contribuir para preservar a pátina da moeda, sem os subterfúgios usados por pessoas que lançam mão de produtos químicos a fim de dar à moeda uma coloração "não natural".

Mesmo resultado, utilizando outro tipo de envelope. Material confeccionado por Bentes acessórios para numismática e filatelia.


Esse é o método que usamos, e que ao longo dos anos conquistou nossa confiança, mantendo as moedas íntegras no seu estado de conservação, inclusive auxiliando no processo de preservação da pátina original, melhorando seu aspecto geral.

Em outras palavras, apesar de não pretendermos ditar regras e nem desmerecer os produtos oferecidos no mercado, apenas expomos aqui o resultado de nossa experiência em lidar com moedas ao longo de todos esses anos, o que acreditamos ser nossa obrigação repassar ao leitor.

Alguns numismatas confeccionam seus próprios envelopes, o que pode se constituir em solução muito boa; porém onerosa. Fazem isso por possuírem milhares de exemplares, o que por si só justifica a decisão de confeccionar o próprio material.

Existem, no mercado, envelopes de papel de muito boa confecção e qualidade, principalmente os europeus e americanos. Para o acondicionamento desses envelopes, aconselhamos pequenas caixas de cartão, ou de madeira, confeccionadas com esse objetivo, e em medida padrão suficiente para contê-los.

A título de exemplo, passamos ao leitor o método que usamos em nosso negócio e no acondicionamento do nosso acervo particular.

  1. Usamos sempre, e unicamente, o método desenvolvido por César Bulgarelli. As moedas vem acondicionadas em papel do tipo Canson, da marca italiana Fabriano, e inseridas em envelopes de nossa confecção, de medidas 52 mm x 52mm.

  2. Em seguida, o envelope contendo a moeda é colocado em caixa de cartão (ou madeira de lei) de medidas internas 55 mm x 55 mm x 250 mm, o suficiente para conter 80 moedas. O leitor pode optar pelas medidas 55 mm x 55 mm x 200 mm, espaço interno suficiente para acondicionar 65 moedas.

  3. Essas caixas, por sua vez, podem ser guardadas em armários feitos sob medida ou mesmo naqueles que encontramos em lojas de móveis ou ainda em cofres (melhor opção). Por se tratar de um hobby nobre, muito ligado à arte, história e antiguidade, somos de opinião que a estética deva conduzir a preferência do colecionador.

Imagem acima: Resultado obtido em moeda acondicionada pelo método criado por César Bulgarelli. Após alguns anos de conservação, o exemplar adquiriu um brilho e pátina cor de elefante ainda mais espetaculares do que possuía anteriormente, sem adição de produtos químicos, apenas pelo correto armazenamento do exemplar de prata, metal que se devidamente guardado, adquire essa coloração fresca e bela.


Em seguida, as moedas podem ser dispostas em caixas de cartão rígido como as que se vêem na imagem a seguir. São econômicas, mantém as moedas distantes da humidade, podendo ser substituídas por novas, devido ao baixo custo.

Nota (figura acima): Apenas em vitrinas de negócios deve-se usar os expositores aveludado ou flocado. Este tipo de material não é aconselhado para quem está iniciando a colecionar e ainda não possui a devida experiência em manusear as moedas. Os exemplares expostos em negócios permanecem na vetrina, sem movimentação, e quando retirados retornam aos seus cofres, evitando as marcas de contato, resultantes do atrito da moeda com o fundo aveludado ou flocado, um cuidado não observado pelo neófito.


Envelopes são sempre a melhor opção

ACONDICIONAMENTO DE MOEDAS - A melhor forma de guardar as suas moedas, ainda são os eternos e bons envelopes. A alternativa são os slabs (os usados pelas certificadoras). Como os slabs de boa qualidade não são vendidos no Brasil, a melhor forma ainda são os envelopes. Além de preservarem a moeda e não agredirem o metal, com o tempo, lhes confere uma bela pátina de medalheiro. A terceira opção são os coin holders.

Na figura, vêem-se duas formas de preencher os envelopes, com os dados das moedas. Se você tem uma bela caligrafia, aconselho a forma manuscrita. Além e ser a mais simples e econômica, pois evita o gasto com a máquina de etiquetas, procurando manter a escrita uniforme, não mudando o padrão e usando sempre a mesma cor de tinta e o mesmo tipo de esferográfica, tem-se um conjunto muito belo.

Imagem acima: Envelope de boa qualidade (fabricação Bentes), preenchido a mão, método sugerido para quem tem bela caligrafia. O colecionador deve procurar usar sempre a mesma disposição de dados, a mesam tinta e o mesmo tipo de esferográfica.

Imagem acima: Envelope com etiqueta adesiva. Trata-se de um método que confere muita organização, mão não é econômico; as máquinas usadas para criar estas etiquetas, em geral, custam caro, pois as de boa qualidade são importadas.Na etiqueta, o número que aparece logo abaixo, à direita, faz parte de um método nosso (cada um pode adotar o seu)...é um número que nos premite ter acesso à ficha da moeda, contendo todo seu histórico, em nosso database.


O numismata deve ser sempre organizado e ter método. Não só por ser uma ciência, mas também por tratar-se de um hobby culto, que pede disciplina e lógica na montagem de um acervo e no acondicionamento das peças. Na etiqueta, o número que aparece abaixo, à direita, faz parte de um método adotado na Bentes (cada um pode criar o seu)...é um número que nos premite ter acesso à ficha da moeda, contendo todo seu histórico, em nosso database. A melhor forma é tratar a moeda como um diamante. Procure observar como os comerciantes de pedras raras como diamantes, esmeraldas, etc, acondicionam suas preciosidades. César Bulgarelli, quando criou o método que usamos há mais de 30 anos - patenteado pela Bentes com o nome “Método Bulgarelli”, em homenagem ao nosso saudoso e caríssimo amigo com quem convivi durante tantos anos em Petrópolis - o fez pensando justamente na forma com que os joalheiros guardam suas pedras lapidadas, em cofres.


Exemplo de análise do estado de conservação de uma moeda

Temos visto com frequência, no mercado numismático, moedas cujo grau de conservação não corresponde àquele da descrição que as acompanha. Com frequência as moedas são oferecidas com graus de conservação declarados acima do real estado em que se encontra o exemplar. Assim, um MBC se transforma facilmente em SOB, sem contar os estados de conservação “inventados” a exemplo de sob- (soberbo menos), sob +++, fdc- e assim por diante. Na tentativa de esclarecer melhor este delicado e controverso assunto, faremos a análise de uma moeda (figura acima), negociada como sendo um exemplar FDC, quando na verdade trata-se de um qFDC (quase flor de cunho). A classificação, certamente foi atribuída devido ao excelente estado de conservação do reverso da moeda. Campo praticamente íntegro, nenhum vestígio de desgaste nos escudetes ou na coroa. Porém, da análise do anverso, mesmo possuindo um campo íntegro, emergem os desgastes dos cabelos do soberano. Tais desgastes, considerando o excelente estado de reverso, devem-se com grande probabilidade, ao cunho de anverso muito usado, combinado com um cunho de reverso com pouco uso. Diferentemente, o desgaste deveria se apresentar em ambas as faces. É verdade que se trata de um exemplar belíssimo, mas para classificá-lo como FDC (flor de cunho), deveríamos colocar todas as suas irmãs “mais belas” (dobras como a da figura, porém em estado de conservação ligeiramente acima) num patamar superior, o que só seria possível com a classificação FDCe (flor de cunho excepcional), algo bem distante da moeda analisada. Dessa forma, ficariam sem definição as moedas que estivessem num estado um pouco melhor do que o exemplar apresentado aqui, mas abaixo do que poderíamos considerar a moeda excepcional (FDCe). Assim, o estado de conservação que melhor classifica a moeda acima é qFDC (quase flor de cunho) e não FDC como constava de sua descrição. O leitor deve procurar entender que por trás da classificação do estado de conservação de uma moeda, existe uma diferença de preço que pode ser bastante significativa quando se trata do “salto” de um exemplar classificado em soberbo para o estado FDC.

Leia, instrua-se; a Numismática é uma forma de colecionismo culto

A numismática requer muita leitura, muito conhecimento da história e uma bagagem cultural ampla. Recordamos que, muito mais do que o simples ato de colecionar moedas, trata-se de uma ciência. O interessante é estudar e se atualizar sempre; o suficiente para minimizar a possibilidade de se adquirir algo que não corresponda ao que se declara.


De certa forma, podemos dizer que a numismática, como ciência, requer também uma boa dose de intuição. Ao estudar uma determinada moeda, convém ler tudo a seu respeito, o momento em que foi cunhada, a história da cidade onde se situava a Casa da Moeda que a cunhou, a biografia do soberano e de alguns importantes personagens da corte, os preços dos artigos daquela época, os hábitos das pessoas, o comércio, as finanças, a cultura em geral. Tudo para que se tenha uma idéia, a mais abrangente possível, algo que nos transporte a uma determinada época e que nos permita sentir como parte integrante daquele momento. Como pensavam, como agiam, a legislação em casos particulares; consultar documentos que pouco ou nada tenham a ver com a numismática, única e exclusivamente para tentar entender a lógica que prevaleceu naquele instante da nossa história. Trata-se de uma forma salutar de agir por empatia. Como se pode intuir, estudo, cultura geral e muita informação fazem parte da bagagem do numismata por excelência, do contrário o colecionador se arrisca, entre outras coisas, a gastar um monte de dinheiro com o que pouco ou nada vale.


Muito bem! Supondo que, a esta altura, você:

  1. Já esteja familiarizado com boa parte do vocabulário numismático.

  2. Saiba que as moedas brasileiras são divididas por períodos (Pré-colônia, Colônia, Reino Unido, Império e República).

  3. Saiba que a nossa história numismática tem início com os chamados padrões monetários irregulares.

  4. Já seja sócio de uma Sociedade Numismática. Independente de qual associação você faça parte, não deixe também de associar-se à SNB. Eles possuem uma vasta biblioteca, promovem muitos eventos e reúnem os mais insignes numismatas, brasileiros e estrangeiros.

  5. Esteja frequentando (pelo menos uma vez por semana) a sociedade a qual se afiliou.

Nesse caso, parece que sua paixão não é mera empolgação de principiante. Nesse ponto, podemos dizer que você está trilhando os passos para se tornar um numismata. Mas atenção, pois isso leva tempo.


Um comentário à parte, dirigido aos jovens iniciantes: A experiência nos mostra que, na maioria dos casos, o jovem é por excelência um entusiasta das coisas. Mas também é verdade que esse entusiasmo muda de acordo com os interesses e as vontades de cada um. É normal que um jovem adolescente enverede pelo mundo do colecionismo para, em seguida, aparentemente, abandoná-lo. Curiosamente, mesmo que isso aconteça também na numismática, essa quebra do entusiasmo parece ser passageira. Explicando melhor: O jovem adolescente que dá os seus primeiros passos dentro da numismática, tende a deixar tudo de lado após algum tempo. Isso é natural e acontece, via de regra (há casos em que a paixão vira amor para toda vida, desde criança), devido aos apelos naturais da juventude (namoro, passeios com os amigos, diversão, escola, vestibular, etc). Contudo, no particular caso das moedas, o "abandono" não é definitivo (salvo os casos de desilusão; mas para evitar que isso aconteça, estamos tentando orientar quem pretende trilhar os caminhos do nobre hobby). Na melhor das expressões populares, nesse caso, diríamos que "o sujeito foi fisgado". Em outras palavras, mesmo deixando a numismata de lado por algum tempo, o jovem, com poucas exceções, retorna ao universo das moedas, mais maduro, consciente e sabendo o que deseja realmente. Em geral, isso acontece entre os 18 e 27 anos; não sabemos explicar porque, mas é assim que a coisa funciona: Quem começou muito cedo e "abandonou", em geral (95% dos casos), retorna por volta dos 27 anos e dali prá frente não "desgruda mais".


Prosseguindo: Bom, a essa altura, é hora de você fazer seu primeiro investimento. Seu pensamento por enquanto deve ser o de adquirir mais conhecimento a fim de ampliar sua bagagem cultural, tão necessária num universo onde o que mais conta é justamente a informação. É hora de comprar um catálogo!

Bem! Somos suspeitos para indicar um, não é mesmo? Assim vamos deixar a seu critério qual escolher. Mesmo porque não sabemos se irá decidir pelas moedas e/ou cédulas brasileiras. As publicações que tratam as moedas brasileiras não são muitas no mercado. Com periodicidade (e isso é muito importante, pois mantém o colecionador/investidor em dia com as informações de mercado), existem apenas dois de moedas e um de cédulas.

Sem a intenção de tentar influenciá-lo na escolha do seu primeiro catálogo, vamos falar um pouco do nosso que, enfatizamos, é periódico. No contexto de um rígido programa de revisão e atualização, elaboramos um catálogo primoroso nos detalhes, com textos e pormenores que facilitam o seu manuseio; além de uma grande quantidade de ilustrações para o bom entendimento do assunto. Atualmente é o único catálogo (já na sua quinta edição) que instrui, educa e orienta o colecionador, principalmente o iniciante.

Foi idealizado com o objetivo de passar ao numismata (iniciante ou avançado) uma idéia clara e abrangente das cotações das moedas brasileiras, no contexto de um mercado internacional globalizado.


Todas as informações necessárias à catalogação e comercialização das moedas do Brasil colonial, imperial e republicano; peso, diâmetro, quantidade de moedas cunhadas, grau de raridade, estados de conservação e os valores atualizados, referentes aos diversos tipos, são tratados com a seriedade e o rigor que o assunto merece.

Privilegiando a abordagem didática, tudo foi pensado a fim de evitar que o Catálogo Bentes de Moedas Brasileiras se configurasse, unicamente, numa fonte de consulta de preços. Lidando principalmente com a arte de colecionar moedas, entendemos que seja nosso compromisso, acima de tudo, instruir quem inicia, e auxiliar na consulta de quem já é conhecedor da matéria. Dessa forma, o catálogo (com mais de 1000 páginas) foi elaborado com o propósito de passar ao leitor o necessário entendimento do assunto, além de fornecer um parâmetro de valores para orientá-lo na hora de adquirir novos exemplares para o seu acervo. Pronto! Já fizemos a nossa publicidade. Vamos em frente:


Escolhido o seu catálogo, procure familirizar-se com a terminologia nele usada. Faça como quem ainda não conhece bem o vocabulário do nosso idioma e que, a cada palavra nova, consulta um dicionário. Isso fará com que, aos poucos, sua bagagem cultural aumente, criando as condições necessárias para que o seu hobby seja coroado de êxito, proporcionando um mundo de satisfações. Segundo investimento: Compre uma boa lente de aumento. O mercado está repleto delas, mas existem alguma que são especialmente indicadas na numismática. São cômodas, leves, não ocupam espaço e você pode carregá-las no bolso, sem dificuldade. Habitue-se a usá-la; pegue algumas moedas (podem ser a de 1 real) e observe-as com sua lente. Primeiro porque isso te dá um certo ar de pesquisador o qu ecertamente te dá algum prazer e, segundo, porque é necessário que ela, desde cedo, se torne a sua fiel companheira. Perceba através da lente que uma determinada moeda, aparentemente em excelente estado de conservação, possui marcas e sinais de circulação que a colocam num grau bem abaixo daquele que hipotizamos quando examinada a "olho nu".

Lentes: Existem de diversos tipos, tamanhos e preços. As mais indicadas, por sua comodidade, conforto e eficácia são as de bolso como indicado na figura. Algumas marcas como a Lindner custam um pouco mais, mas são muito boas. Escolha as que aumentam até 20x. A partir de então e daqui prá frente, quando você for à Sociedade Numismática, carregue o seu catálogo e a sua lente. Aos sábados, muitas sociedades numismáticas costumam realizar pequenos leilões de moedas e cédulas. Antes da hasta é possível examinar os exemplares. Não se envergonhe! Observe como os outros se comportam e aproxime-se dos lotes exibidos na mesa. Observe uma ou duas moedas que te chamaram a atenção. Feito isso, folheie o seu catálogo até encontrá-la. Dê uma lida na descrição do lote e concentre-se no estado de conservação, examinando a moeda com a sua lente, procurando aquilo que dificilmente se nota a "olho nu". No futuro iremos passar um fluxograma de como proceder ao observar uma moeda. Toda essa "parafernnália comportamental" faz parte da conduta de um numismata. É necessária para, aos poucos, inseri-lo no ambiente, fazendo-o interagir com as outras pessoas, com as moedas e com o meio que a circunda. Com o tempo você irá perceber que não conta mais os dias para chegar a sexta feira e ir tomar uma cerveja em um bar, com os amigos. Vai passar a contar os dias para que chegue o sábado, dia de reunião da Sociedade a qual se afiliou. Sim, isso mesmo...a coisa acaba virando uma cachaça. É prazeroso, num sábado pela manhã, ir à sociedade, bater um papo com os novos amigos e passar a sentir que, cada vez mais, faz parte do seu universo. Acredite, você vai se desligar dos problemas do cotidiano. Se tiver filhos pequenos, arraste-os com você. Crianças são curiosas e as moedas exercem um tremendo fascínio sobre elas.


Bom, feitas as considerações iniciais, é hora da primeira arguição. Isso mesmo! A numismática, sendo uma ciência, requer estudo, empenho e dedicação. Para tanto, nada melhor que uam sabatina para testar seus conhecimentos, ou seja, justamente aquilo que sepaar o numismata do "ajuntador curioso". Não estamos dizendo com isso que o "ajuntador curioso" não possa se tornar um grande numismata. Existem casos (e não são poucos) de insignes numismatas que iniciaram suas coleções juntando moedas de pouco valor, muito gastas, em caixinhas de madeira ou latas. Por outro lado, nada melhor do que iniciar com o "pé direito", não é mesmo?


Vamos lá!...coragem! Clique no link a seguir e tente responder às questões dees primeira arguição. Lembre-se, ninguém sabe tudo. O importante é o empenho, o interesse e a dedicação. Assim, quando não souber a resposta, pesquise, leia, aprofunde-se no assunto. Tudo isso faz parte do processo de aprendizado. Não estamso nos bancos escolares com alguém com uma caneta vermelha na mão, pronta a te dar um redondo "zero".


Hoje paramos por aqui. Agora vamos dar o devido tempo para que você pesquise e aprimore seus conhecimentos. Lembre-se: Sem a devida informação e conhecimento específico do assunto, o que poderia ser um hobby capaz de proporcionar horas de puro deleite, pode se revelar uma completa desilusão. Muitos desistem no meio do caminho justamente por: A falta de uma orientação didática. Pense só! Você no meio de pessoas (em qualquer situação, mesmo fora do âmbito da numismática) conversando sobre um assunto que você desconhece por completo ou que, mesmo sabendo alguma coisa, se arrisca a ser encarado como "palpiteiro". Então, mãos à obra! Faça o download do file PDF e responda às perguntas do questionário. O acervo

Agora iremos tratar da coleção propriamente dita. Se você já percebeu que foi fisgado e que o único jeito é continuar se aprofundando no assunto, é melhor começar a pensar na montagem da sua coleção. Convém recordar que qualquer tipo de colecionismo envolve gastos, alguns mais, outros menos, mas no caso da numismática o empate de capital pode ser notável. Isso levanta uma questão importante, levianamente desconsiderada por muitos, ignorada por conveniência por outros, mas a verdade é que você precisa saber que depois de algum tempo dedicando-se à numismática, o investimento de capital pode ser notável.

Mesmo que a maioria grite aos quatro ventos que em numismática o que interessa é o amor pelas moedas, alegando, inclusive, não se preocuparem com o investimento feito em um acervo, a coisa não funciona dessa forma. Se assim fosse, não veríamos frequentemente, hastas de grandes acervos como a que aconteceu recentemente nos EUA, no leilão da coleção RLM.

Pois bem, dessa forma iremos iniciar nossa conversa justamente abordando um tema para lá de polêmico entre os numismatas. Você coleciona por paixão, não se importanto minimamente com o que gasta ou, paralelamente ao amor que dedica às suas moedas, está bem claro em sua mente que um dia, talvez, pretenda leiloar seu acervo e, dessa forma, encara a coisa, também, como uma forma de investir bem o seu rico dinheirinho?

Vamos lá! Analisemos as situações:

Estudo, hobby ou investimento?

Como estudo, poucas disciplinas são tão interessantes e tão coligadas com campos similares, como é a numismática. De fato, não se pode conceber que alguém se dedique a tal ciência sem se aprofundar nos fatos coligados ao período escolhido, sob os mais variados aspectos, do perfil histórico ao geográfico, do político ao sócio-econômico. Até o perfil artístico ajuda a melhor compreender as nossas moedas.

As moedas são testemunhas certas e imparciais, sendo documentos das épocas que representam; e como tal dão uma contribuição viva, tangível, verdadeira, à situação sócio-ecônomica, aos eventos de guerra e paz, aos períodos de diversidade econômica, às manifestações artísticas e muito mais; em poucas palavras, à vida quotidiana da sua época.

Como hobby é muito difícil encontrar outro que desperte o interesse suscitado pela numismática e pela filatelia; seja pela variedade dos argumentos tratados, seja pela amplitude dos períodos históricos, seja pela importância e variedade da documentação requerida.

Em numismática não existem limites às escolhas; pode-se tranquilamente variar no tempo e no espaço, com bases técnicas e científicas, ou mesmo confiando na fantasia e no próprio bom gosto. Todos os temas são possíveis, sempre que sejam bem definidos; para cada argumento ou especialização, será somente a personalidade do colecionador a decidir o caminho a ser seguido.

Um acervo montado com lógica, critério e boas peças, cedo ou tarde, para quem tem uma determinada dose de paciência, não somente gera um amplo interesse pelo volume de capital nele investido, mas quase sempre anulam o fator inflacionário, reservando uma certa recompensa ao trabalho e à fadiga do colecionador/investidor prevenido. Essa afirmação foi confirmada por estatísticas efetuadas por pesquisadores do campo econômico que chegaram a considerar as moedas de coleção como os mais rentáveis e seguros bens de refúgio.


As moedas apresentam numerosas vantagens se comparadas a muitos outros tipos de investimentos: acima de tudo, são facilmente transportáveis e não se deterioram. Podem agregar muito valor em um pequeno volume e tem cotação internacional. Aquilo que se compra em Milão, pode ser vendido em Londres; aquilo que se adquire em Paris pode passar de mãos em Nova York ou no Brasil.

Além disso, entre as moedas de quase todas as especialidades numismáticas, aparecem o ouro e a prata que, como sabemos, são os metais que desfrutam de maior prestígio e de grande simpatia no meio das finanças. Certamente - e aqui estamos de pleno acordo, diga-se de passagem - o numismata deve ser, acima de tudo, um estudioso apaixonado pelo seu hobby. Contudo, isso não significa que não deva estar atento ao seu investimento. Afinal de contas ninguém gostaria de saber, daqui a alguns anos, que todo seu acervo vale muito menos do que todo capital investido nele. Mesmo sabendo ser o colecionismo o objetivo da maior parte dos nossos leitores, convém recordar que estamos lidando com um considerável investimento de capital, sujeito a notável valorização com o passar do tempo. Nesse crescente mercado internacional, a numismática vem despertando, entre privados e instituições financeiras, um crescente interesse como alternativa segura de investimento de capital. Não se trata mais de um simples hobby, de uma curiosidade. Os leigos tendem a encarar a numismática como algo supérfluo, um capricho, um gasto desnecessário. Há quem ainda imagine a coisa como uma lata de leite em pó cheia de moedas que não valem nada. Há alguns anos, uma amiga da minha mulher, perguntando sobre o meu trabalho, indagou: "-Moedinhas?"... certamente ela nem poderia imaginar que o salário de um inteiro ano do seu marido não seria o suficiente para pagar por apenas uma dessas "moedinhas".


Períodos No caso do Brasil, as moedas clássicas são aquelas que vão desde o descobrimento até o final da primeira República, também conhecida como República Velha que se deu com a saída do presidente Washington Luis. São já detentoras de um target price consolidado ao longo dos anos, estabelecido por leis de mercado bem definidas. Seu preço varia, na maioria dos casos (com raras exceções) sempre para mais, justificando o capital investido. Isso se o colecionador atentar para determinadas regras que devem ser obedecidas cada vez que compra uma nova moeda para o seu acervo.


A partir da Nova República (1930), as variáveis que fixam os preços das moedas começam a mudar, principalmente devido à especulação em torno de determinadas moedas que, se para alguns com bons contatos são fáceis de encontrar, para outros (e aqui entram os colecionadores puros, que raramente negociam suas moedas) a coisa é bastante complicada. Nesse cenário, é mister agir com muita cautela.


Metais

Moedas de ouro ou prata partem sempre, como valor mínimo, do seu peso em metal nobre. Assim, por mais comum que seja uma moeda de ouro, por exemplo, devemos fixar o seu preço de acordo com seu peso e a cotação do dia, para este metal, nas bolsas internacionais. Daí por diante a tendência é subirem de preço, devido a fatores como raridade e estado de conservação. Sim, é lógico, sabemos disso: As moedas de ouro são custosas, partem de um preço que nunca é inferior ao equivalente do seu peso no metal nobre. Contudo, também é verdade que são um investimento seguro. Talvez ainda não no Brasil, mas certamente são apreciadíssimas no mercado internacional.


Culturalmente, os bancos brasileiros não possuem ainda uma filosofia voltada para o setor. Ainda encaram a numismática como uma espécie de passatempo e nada mais. Não contam com um departamento de numismática, Não possuem profissionais com o devido conhecimento do assunto em seu staff (experimente falar a respeito com um banqueiro brasileiro). O mesmo não acontece com os bancos suiços, americanos, ingleses, espanhóis, portugueses que investem considerável volume de capital em moedas raras, principalmente de ouro. Podemos até citar alguns deles: UBS, Credit Lyonnais, BES, City Bank, Monte dei Paschi di Siena, etc. Diversos bancos suiços possuem em seus subterrâneos fantásticas quantidades de raras e raríssimas moedas por entenderem que são um patrimônio de inestimável valor, mesmo que não contem com a liquidez da moeda fiduciária, por exemplo, a única tratada nos bancos brasileiros.


Atualmente, somente o Banco Central do Brasil tem demonstrado interesse no setor. Contudo sempre corremos o risco de que essa filosofia mude de acordo com quem assume a presidência do banco ou a chefia do departamento que administra o setor.


MUSEU DA VALORES DO BANCO CENTRAL DO BRASIL

O MVBC é talvez o único a se interessar realmente sobre o assunto. Conta com o maior acervo de moedas brasileiras, onde se incluem verdadeiras jóias como a peça da coroação e o 960 réis 1809R (se vc não sabe do que se tarta, tá na hora de anotar e pesquisar, afinal, isso aqui é uma lição). Mesmo com todo interesse do BC, os bancos brasileiros ainda não acordaram para uma realidade que já se consolidou no mundo financeiro: As moedas de coleção são um investimento sólio e seguro.

Novamente aqui a questão é puramente cultural. Há alguns anos, um diretor visionário de um banco brasileiro, resolveu criar um museu numismático e uma casa de leilões de moedas brasileiras. O museu, além de preservar a memória do nosso país, é de uma beleza ímpar, com as moedas dispostas em nichso muito bem elaborados onde, inclusive, o visitante pode acompanhar uma espécie de percurso da nossa história monetária, passo a passo. Quer dizer, poderia! Isso proque o museu, há um bom tempo, encontra-se fechado. Os únicos dois leilões realizados pelo banco, além de terem sido coroados de sucesso, chegou a atrair a atenção de investidores internacionais. Mas como na nossa cultura, tudo que é bom dura pouco, tanto o museu, quanto a casa de leilões tiveram suas portas cerradas. Tudo por conta de uma mudança de gestão da fundação que se ocupava do museu. Quem assumiu o cargo, achou por bem dedicar seu trabalho a áreas de interesses completamente diversos do gestor anterior, dessa forma encerrando as atividades do departamento de numismática do Banco.


Não foi uma decisão tomada devido a um hipotético mau investimento, mesmo porque os únicos dois leilões realizados proporcionaram ao banco, um excelente retorno de capital. A questão aqui, como já dissemos anteriormente, foi puramente cultural. Nós brasileiros, estamos anos-luz atrás do entendimento do que seja patrimônio. Enquanto outros povos entendem que suas economias devem ser investidas em algo que lhes dê segurança, estabilidade e um futuro, nós continuamos achando que patrimônio é dinheiro fiduciário e automóvel.


Façamos um cálculo simples para entender o que estamos falando: Vamos deixar de lado as variantes que servem a estabelecer o preço das moedas de coleção. Tratemos das libras comuns de ouro, por exemplo, que valem praticamente, com pequenas variações, o seu peso em ouro, sem a interferência de outros quesitos. Há 20 anos, quando foi lançado o plano real e a Unidade Real de Valor (URV), você as compraria por R$ 45,00 reais, a unidade. Digamos que a partir daí e todos os meses, você comprasse uma média de três libras de ouro por mês. Isso significa que chegaria ao final de cada ano com trinta e seis libras a mais que o ano anterior. Multiplicando isso por 20 anos, hoje você teria em seu "cofrinho" 720 (setecentas e vinte libras de ouro). Agora você vai cair do cavalo: Hoje, no Brasil, estão vendendo uma única dessas libras por valores que variam entre 700 e 800 reais. Vamos na média, ficando com 750 reais para o preço de uam única libra. Faça as contas: 720 libras x R$ 750,00 = R$ 540.000,00 é o que corresponderia ao seu ataul patrimônio.

Isso considerando que você comprasse uam média de apenas três libras por mês. Imagine se comprasse três vezes mais. E olha só!!! Parece que já tem banco brasileiro entendendo que não dá mais para negar essa realidade. Clique aqui e veja.


Retornando ao tema que estamos tratando nesse capítulo: Se você já se sente pronto a iniciar a montagem de um pequeno acervo, entenda que isso se dá da mesma forma como quando compramos, por exemplo, a nossa primeira casa. Apesar de não ser definitiva, de não ter as dimensões que você pretendia, etc, encare-a sob diversos aspectos antes de comprar, incluindo o tão "execrado" investimento pelo qual muitos nutrem uma certa repulsa. Sim, isso mesmo! Atento ao seu investimento !!!

Há alguns anos, no Brasil, uma série de álbuns de filatelia foi vendida aos milhares. Eram vários fichários contendo todas as emissões dos Correios, para que os selos fossem fixados em uma página, com Hawid (alguns desavisados fizeram isso com cola, como se fosse álbum de figurinhas). Pois bem! Passados muitos anos, estes álbuns de selos começaram a aparecer em leilões de final de semana nas Sociedades Filatélicas, colocados a venda por esperançosos herdeiros de "filatelistas" neófitos. Foram tomados por um sentimento de grande desilusão ao saber que os tais álbuns não despertavam interesse. As ofertas não alcançavam nem mesmo à quinta parte de todo dinheiro gasto para montá-los.

Isso porque toda aquela grande quantidade de peças era constituída de selos comuns, que se encontram aos montes por aí. Não estamos dizendo com isso que seja errado colecionar estes selos, mas sim que o colecionador saiba que está dando um peso muito maior à sua paixão do que à preocupação com o que está gastando. O ideal é ficar no meio do caminho, valorizando tanto um quanto outro aspecto. Didaticamente, na tentativa de despertar a paixão em crianças e adolescentes, são gastos que tem um valor justificado, mas para quem quer ser um numismata ou filatelista, essa fase de "juntar tudo, sem critério" ficou para trás.

A montagem de uma coleção A seguir, na tentativa de auxiliar o leitor em seus objetivos primários, elaboramos algumas perguntas (as mais frequentes) que naturalmente consideramos relevantes na aquisição de um exemplar, principalmente se for considerado raro.

Trata-se apenas de uma sugestão, onde formulamos um critério para que o comprador sinta-se seguro ao adquirir uma determinada moeda para o seu acervo. Consideramos estas questões de igual relevância, onde nenhuma é menos importante do que a outra.

  • O preço pedido está de acordo com a avaliação do catálogo que possuo?

  • O exemplar em questão se “encaixa” perfeitamente no tipo de coleção que estou iniciando?

  • A moeda irá enriquecer o meu acervo?

  • Seria interessante pedir a opinião de alguém mais experiente?

  • O valor a ser pago está em conformidade com o meu orçamento?

  • A moeda possui um histórico que me possibilite saber sua procedência?

  • A fonte da minha aquisição é idônea.

São considerações importantes e que não devem ser negligenciadas. Mesmo quando a ansiedade se faz presente, diante da possibilidade de se adquirir um exemplar raro, estes critérios devem ser sempre observados. Recordamos que o nosso objetivo é passar ao leitor todas as informações pertinentes e necessárias para uma boa, sólida e segura aquisição ou venda.


Outras considerações importantes:

1. Aconselhamos ao colecionador a adquirir apenas as moedas que constam dos catálogos e, sempre no melhor estado de conservação possível, com seu brilho original, já que valorizam muito mais do que as outras. Representam, além da satisfação em possuir belas peças, uma sólida forma de investimento de capital.


2. Caso a aquisição de um exemplar fdc (flor de cunho) não seja possível, principalmente devido ao grau de raridade da moeda, aconselhamos que seja dada prioridade ao melhor estado de conservação encontrado, procurando sempre adquiri-lo de pessoas sérias, idôneas e confiáveis, dispostas a arcar com as consequências de uma venda duvidosa (um falso, por exemplo; ou um exemplar que não corresponda à descrição).

3. Muitas dessas moedas, aparentemente belíssimos exemplares, podem ter sido lavadas, retocadas ou terem suas datas adulteradas por mãos habilidosas, com pontos de solda e outros pormenores que as desvalorizam sobremaneira. Para isso serve a sua lente..observe bem, procure pontos de solda ou algo que possa despertar sua suspeita. Mas atenção: Não faça disso uma espécie de "paranóia do falso". Para isso serve o estudo, a observação sistemática, o amadurecimento.

4. O leitor deve estar sempre atento, pois algumas moedas não correspondem à descrição que as acompanha. Aos que desejam ingressar no reservado círculo dos numismatas, aconselhamos, antes mesmo de iniciar seu acervo, muita prudência, cautela, critério, consulta, uma boa lente de aumento, e muita leitura.


5. O interessante é estudar e se atualizar sempre; o suficiente para minimizar a possibilidade de se adquirir algo que não corresponda ao que se declara. A numismática requer muita leitura, muito conhecimento da história e uma bagagem cultural ampla. Recordamos que, muito mais do que o simples ato de colecionar moedas, trata-se de uma ciência.

Poder aquisitivo É verdade, muitos não dispõem do necessário capital para investir em seu hobby. Todavia, ao longo dos anos, vimos pessoas com alto poder aquisitivo comprarem um monte de "bugingangas numismáticas" para no final experimentarem uma tremenda desilusão e consequente abandono. Por outro lado, vimos numismatas com poder aquisitivo moderado e até abaixo da média dos demais, montarem ao longo dos anos, acervos fantásticos. Milagre? Não!!! ... Método, disciplina, aliados a um dom natural para negócios, sim.


O importante é iniciar com o pé direito. Se você não tem o capital para comprar uma dobra da Bahia, em grau de conservação soberbo, talvez possa adquirir uma de Minas (muito mais econômica) em conservação FDC. Se suas posses também não permitem, por enquanto, esse tipo de investimento, a solução é começar por algo mais em conta, mas sempre adotando a filosofia do "melhor possível". Se você comprar um "fusca" todo enferrujado, acabado, com motor que só te dá dor de cabeça, certamente não pode chamar isso de sabedoria em investir seu dinheiro. Mas se comprar um fusca antigo, original de fábrica, com a pintura ainda resplandecendo de nova, pneus com banda branca, etc, pode ter certeza que na rua você será notado. Mesmo objetivo na escolha, mas com filosofias diferentes na hora de comprar.


Se o seu capital não permite nenhuma dobra, por exemplo, talvez permita, pouco a pouco, formar um belo conjunto de "níquel do Império FDC". Alguns valores e datas custam pouco, mesmo estando em estado excepcional de conservação. Compre estas, caso tenha decidido iniciar seu acervo com os níqueis do Império...e não saia dessa trilha. Nada de, sem mais nem menos, descambar para outro lado, e comprar um patacão recunhado sobre 5 pesetas, por exemplo...ou sobre sol argentino. Não que sejam investimentos ruins...o problema é que você está focando seu objetivo nos níqueis. Se pular de galho em galho, vai acabar como "mosca de padaria, que pousa em tudo que é pão, mas não come nenhum".

Outra opção seria iniciar pelo terceiro sistema de prata, o que não é pouco. Afinal são mais de 130 moedas. Imagine só a sensação de encontrar um novo exemplar, um 2.000 réis de prata, um belíssimo FDC, dando moleza numa numismática. Você o adquire, leva prá casa e o pousa suavemente em seu pedestal, ocupando seu lugar de destaque. Depois de um certo tempo você será o feliz proprietário de um conjunto de respeito. Sim, sabemos que nem todas as moedas são encontradas nesse estado de conservação (FDC). Mas não se esqueça do que dissemos anteriormente: Compre o exemplar no seu melhor grau de conservação possível. No nosso catálogo, por exemplo, você irá saber se o exemplar que deseja, existe ou não, em estado de conservação FDC. Se a moeda pretendida nesse ou naquele estado de conservação pode ser encontrada. Isso porque, em nosso catálogo, só avaliamos o que temos certeza que existe. Se, por exemplo, nunca vimos uma dobra da Bahia, de uma determinada data, em grau de conservação FDC, não faz o menor sentido dar um valor de mercado para essa peça que talvez nem mesmo exista.

Escolha um objetivo Os temas que podem ser abordados na formação de um acervo são os mais diversos. Escolha um deles e mãos à obra, recordando de jamais desviar o foco do seu objetivo.

Exemplo de critério na montagem de um acervo de moedas

O que adquirir? Nota: A nossa sugestão a seguir não passa de um exemplo de acervo. Os temas a escolher são vários e vão de investimento muito alto e baixo, passando por moderado. Podem ser: Coleção por país

  • Coleção por tipo

  • Coleção por tipo e datas

  • Coleção temática

  • Coleção por período histórico

No âmbito das moedas brasileiras

  • Coleção por tipo

  • Coleção por tipo e datas

  • Coleção temática

  • Coleção por período histórico

  • Moedas de prata do terceiro sistema

  • Moedas de níquel do Império

  • Moedas de prata da primeira República

  • Moedas do Cruzeiro

  • 960 réis da Bahia

  • 960 réis do Rio de Janeiro ou Minas

  • Carimbos de Minas

  • Moedas contramarcadas

  • Moedas de cobre da Colônia

  • Recunhos dos 960 réis, etc

A seguir, apresentamos, a título de exemplo, o que poderia servir de orientação para formar um acervo de moedas brasileiras. O leitor poderá constatar, inclusive, como um simples tema, aparentemente fácil de se formar e catalogar, é na verdade bastante complexo. Tema: Moedas brasileiras sob o reinado de D. João V. Moedas de ouro

  • Um exemplar de 20.000 réis (série dos dobrões)

  • Uma Dobra (12.800 réis) de qualquer Casa, e com qualquer tipo de escudo ou efígie. O que importa é que esteja no melhor estado de conservação possível

  • Um exemplar de 10.000 réis (série dos dobrões)

  • Uma peça (6.400 réis), obedecendo o mesmo critério

  • Uma moeda (4.000 réis)

  • Uma meia-peça (3.200 réis). São moedas raras, principalmente se em bom estado de conservação.

  • Uma meia moeda (2.000 réis)

  • Um exemplar de 1.600 réis, sempre obedecendo o critério de qualquer Casa e no melhor estado de conservação possível

  • Um quarto de moeda (1.000 réis)

  • Um exemplar de 800 réis

  • Um 400 réis

Moedas de prata

  • Um 640 réis

  • Um 320 réis

  • Um 160 réis

  • Um 80 réis

Moedas de cobre

Atenção: Não inclua moedas com carimbo de escudete. Não são moedas de D. João V e sim do soberano que ordenou a aplicação da contramarca.

  • Um exemplar de XL réis

  • Um exemplar de XX réis

  • Um exemplar de X réis

  • Um exemplar de V réis

Esclarecimento ao leitor: Neste ponto, completado o acervo acima, o colecionador já se encontra na condição de expositor de nível I, com uma pequena mas “poderosa” coleção, capaz de narrar parte da história de um Reino, de um país (colônia) e de toda a vida de um soberano e seu reinado. Acrescentando textos e fotos, dispostos com critério, disciplina e método, com material em expositor, inclusive com gravuras, poderá dispor de um “enredo”, com início, meio e fim. Pode, por exemplo, mostrar que suas peças de ouro, dispostas em ordem decrescente, podem ser agrupadas segundo um critério, a exemplo da série dos dobrões, o que pode ser esclarecido com textos, gravuras e fotos. As possibilidades são imensas, quando existe lógica no que fazemos.

A partir daí, sua COLEÇÃO (e não um apanhado de moedas sem critério) poderá ser enriquecida como o exemplo que se segue.

  • Um dobrão de 1724 (raro)

  • Uma Dobra com casa, escudo, serrilha ou efígie diferente da que já possui

  • Um meio dobrão de 1724 ou de outra data (haja vista o de 1724 ser raríssimo e muito caro quando em bom estado de conservação)

  • Uma peça (mesmo critério usado para a Dobra)

  • Uma moeda (4.000 réis)...etc, etc, etc.

Os critérios, a partir do momento em que o colecionador atinge esse nível, passam a ser de foro íntimo, desde que não desvie do seu objetivo primário, no caso do exemplo, moedas de D. João V. O leitor deve ter em mente que o importante é o critério que lhe permita enriquecer seu acervo, trazendo novidades a cada exposição, fazendo com que “suba” de nível como expositor, até atingir o grau máximo “hors concours”.


Um outro exemplo: Patacões recunhados sobre Sol Argentino. Uma bela coleção que requer muito empenho, dedicação, estudo e que consome anos de muita paciência, a fim de obter as peças justas.


Esperamos que com o exposto, possamos contribuir, principalmente com os que iniciam, para que formem seus acervos e que isto lhes proporcione momentos de prazer e satisfação.



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