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O Método César Bulgarelli

O método de armazenagem e conservação das moedas de coleção, criado por um insígne numismata, nosso amigo particular, e que nos deixou essa preciosidade como legado. Método patenteado por MBA Casa Editrice, empresa Bentes Group.

A conservação de moedas é mais um capítulo polêmico e controverso na nossa numismática. Dessa forma iremos transcrever aqui o resultado do nosso convívio diário com a ciência e hobby, haja vista que alguns principiantes tem divulgado informações confusas - inclusive omitindo, provavelmente por ignorarem aspectos importantes - sobre um método de conservação e acondicionamento desenvolvido por um nosso caro e saudoso amigo que foi praticamente o responsável pelo nosso ingresso na numismática, há quase 40 anos.


Existe uma infinidade de produtos, dos mais variados, oferecidos no mercado. O colecionador brasileiro, em particular, tende a supervalorizar os produtos estrangeiros o que, de certa forma, haja vista a baixa qualidade dos materiais nacionais, é correto. Mas na verdade a questão reside não somente na qualidade do produto, mas sim numa espécie de filosofia do colecionismo, adquirida ao longo dos anos.

Figura: Os materiais colocados no mercado, à disposição dos colecionadores, é muito vasto e de diversos fabricantes. Nos mercados europeu e americano, a variedade é enorme, indo de produtos de mediana qualidade, até os "top" de linha. De certa forma, isso contribui a confundir ainda mais o colecionador iniciante, que fica indeciso na hora de escolher como irá acondicionar suas moedas. O importante é escolher um que se adapte à sua coleção, dando um aspecto homogêneo ao conjunto que pretende formar.


Atualmente, os mais experientes nessa área são poucos; na verdade, quase inexistem. Em algumas raras oportunidades nos deparamos com moedas com pequenas marcas de esmalte vermelho ou azul, o que imediatamente nos ajuda a identificar um desses antigos numismatas. Os envelopes de papel pergaminhado antigo (parecem alinhavados) contendo anotações em escrita fina de antigas canetas, são indícios de quem possa ter sido o proprietário de um determinado exemplar. Geralmente são exemplares que apresentam uma pátina sutil e belíssima, uma coloração adquirida ao longo de muitos anos de conservação em cofres e medalheiros, sempre acondicionadas em envelope de papel pergaminho, contendo anotações extremamente relevantes, quase sempre realizadas em bela caligrafia.

Hoje nos deparamos com uma gama enorme de produtos, realizados com os recursos de que dispõe a moderna tecnologia. Envelopes plásticos (ou de acetato), malas, maletas, estojos, gaveteiros de plástico, divisórias forradas em veludo ou com o chamado flocado; as marcas são muito conhecidas do público apaixonado pelo colecionismo. Sem desmerecer o uso desses materiais, por razões particulares optamos por dar preferência ao método tradicional. CÉSAR BULAGRELLI César Bulgarelli foi um grande amigo meu (falando por mim, Fernando Antunes). Nos conhecemos na feirinha de Petrópolis, nos anos 80, quando descobrimos nutrir o mesmo interesse por moedas e cédulas brasileiras. Ele, nessa época, já era um colecionador avançado, alto-funcionário, aposentado, do extinto BANERJ, morador da Olavo Bilac, uma rua florida logo na entrada da cidade serrana para quem ingressa pelo Quitandinha. Foi "amizade à primeira vista". Em pouco tempo já parecia que nos conhecíamos há décadas, tamanha a afinidade que nutríamos um pelo outro. Assim, passamos a frequentar nossas casas (eu muito mais do que ele). Invariavelmente, nas sextas-feiras (muitas vezes nas quintas), subindo a serra à noite, era de praxe fazer uma parada na sua casa. As conversas se estendiam pela madrugada a dentro, indo até ao amanhecer e só éramos interrompidos pela sua filha Fernanda, na époac estudante de medicina, escelenet bailarina, hoje fotógrafa profissional de talento, ainda moradora da cidade. Muitas vezes, eu e César saíamos para "garimpar" pelos cidades do interior de Minas, onde Bulgarelli (assim eu o chamava) tinha seus "olheiros" que comunicavam quando aparecia alguém tentando se desfazer de moedas antigas. Cheguei mesmo a escrever várias de nossas aventuras, uma delas publicada aqui nesse blog sob o título: "Eita cafezinho bão, sô"

Nossas conversas eram sobre política (sim, já não era boa naquela época), antiguidades, sobre a cidade e, certamente, sobre as nossas queridas moedas. Nosso papo se dava em sua oficina, que havia construído num andar elevado, sobre sua belíssima residência. Ali, no silêncio da noite, conversávamos horas a fio sobre a nossa paixão mútua, sem sermso interrompidos, já que ali, segundo ele mesmo dizia, só entravem o irmão (também numismata), a filha, a mulher e eu. Nem mesmo a empregada se atrevia a entrar no lugar quando estava ocupado. Foi desse contato que surgiu a minha paixão pelas moedas. Já gostava da coisa, mas confesso qeu o contato com Bulgarelli foi decisivo para entrar de cabeça no hobby de reis e príncipes. Confesso também, que durante os anos de convívio estreito com esse grande amigo, de poucas amizades, muito reservado (talvez por ser muito rico...era proprietário de diversos imóveis espalhados pela cidade), aprendi muita coisa, desde as moedas propriamenet ditas, passando pelas cédulas e medalhas, até aos métodos de conservação. Hoje aproveito para falar apenas de um destes ensinamentos, entre tantas outras coisas que aprendi com esse saudoso e leal amigo que nos deixou devido à incompetência da nossa medicina, vindo a falecer por causa de um trombo, originado de uma cirurgia simples de hérnia de hiato (ao se levantar do leito dos hospital, para ir ao banheiro, aconteceu a fatalidade). Minutos antes estava feliz por ter se livrado da famigerada hérnia e só falava em poder comer um bife com batatas fritas e tomar uma cerveja bem gelada. Pois be, vou voltar ao artigo, porque essas lembranças sóme entristecem. O "MÉTODO BULGARELLI" ® DE ACONDICIONAMENTO DE MOEDAS

Há algum tempo percebi que algumas pessoas (poucas) tem copiado nosso texto, publicado originalmente na primeira edição do nosso Catálogo de Moedas (vide figura a seguir, clique na imagem, para ampliar), editado no final de 2011. Não que isso seja um problema para nós da Bentes (podem copiar à vontade), mas como temos percebido muita desinformação, omissão e muita bobagem escrita por quem está iniciando na numismática e parece mais estar à procura de fama do que de transmitir conhecimento verdadeiro, resolvi escrever esse artigo para sanar qualquer dúvida. Não que seja necessário um QI de gênio para entender do que se trata, mas sim devido à falta de conhecimento e à omissão de quem arvora conhecer o sistema através de canais não explicitados.

Imagens acima: O Método de acondicionamento e conservação de moedas, criado por César Bulgarelli, divulgado pela Bentes pela primeira vez, em nosso Catálogo Bentes de Moedas do Brasil, primeira edição (páginas 33, 34 e 35).


Aprendi muito durante os anos de convívio com esse grande amigo. No que diz respeito à conservação e acondicionamentode moedas, essa técnica protege excepcionalmente a moeda, e ainda cria a possibilidade de uma oxidação uniforme, dando ao exemplar uma belíssima pátina que Bulagrelli chamava de “cor de elefante”. No dia-a-dia do nosso contato com a numismática, aprendemos que o melhor método para conservar moedas ainda é este, desenvolvido pelo nosso saudoso e caríssimo amigo César Bulgarelli.


Vamos ao método (é bastante simples e eficaz): Consiste num recorte de papel Canson de excelente qualidade, de forma quadrada; um primeiro invólucro que, em seguida, será acondicionado no envelope.

Nota importante: No Brasil, o papel vegetal de boa qualidade é o importado, mas custa muito caro Todo cuidado é pouco, pois existem no Brasil muitos fabricantes não idôneos que jogam no mercado papéis com elevado índice de acidez, o que não é recomendado para as moedas. Quem lida com esse material (desenho arquitetônico, projetos de engenharia e desenho industrial) e já usou as folhas de fabricação nacional, sabe que elas iniciam a amarelar pelas bordas e com o tempo iniciam a "rachar", como se fosse papel aquecido ao forno. Fuja desse tipo de papel, pois irá danificar as suas moedas. O melhor, apesar de muito caro, é o importado. Mesmo assim, muito cuidado para não ser enganado, comprando papel nacional, vendido como se fosse fabricado fora do país. O importado vem com todas as instruções em francês, italiano, espanhol ou inglês.


Esse tipo de papel, no Brasil é, geralmente, vendido nos formatos A4 ou A3. O formato A4 vem, em geral, com 50 folhas. De cada folha consegue-se fabricar apenas 2 invólucros ou seja, com um bloco de 50 folhas, dá para fabricar 100 invólucros, o que sai caro devido ao custo do papel importado. O papel nacional custa bem menos, mas não serve. Na Europa temos a facilidade de comprar estas folhas (de qualidade excepcional) por gramatura, em tamanho A0 (1189 x 841 mm), o que barateia muito o custo de produção. Além disso, como fabricamos em grande quantidade, o corte é feito em máquina industrial no próprio estabelecimento da Bentes, onde cortamos com guilhotina elétrica de última gereção e vincamos os invólucros para que o usuário não tenha a menor dificuldade em dobrá-los. Estas folhas chegam até o nosso estabelecimento, já imperssas com a nossa logomarca, como se pode verificar na imagem a seguir.

Imagem: Invólucro produzido pela Bentes, comercializado na Europa por Bentes Commercial (em breve estará à disposição dos numismatas brasileiros). Material de excepcional qualidade, realizado em papel vegetal de qualidade superior, escolhido por nós, entre os diversos fabricantes na Europa. Após minucioso e exaustivo trabalho de pesquisa, concluímos que apenas 2 fornecedores poderiam nos atender, pois fabricam papel de excepcional qualidade, "acid free". Invólucro utilizado no "Método César Bulgarelli"®.


Mesmo assim, para os que não se importam em gastar com a compra de papel importado e têm tempo para passar horas recortando os invólucros com estiletes (perde-se muito material e a coisa nunca fica uniforme, principalmente na dobra), vamos expor a técnica que apesar de simples, é extremamente eficaz:

  1. Em primeiro lugar, recorta-se o papel Canson em um quadrado de aproximadamente 151 mm x 151 mm, ou outras dimensões, mas sempre em formato quadrado.

  2. Em seguida, dobra-se o quadrado de maneira a formar um invólucro de 50 mm x 50 mm. Basta dobrá-lo em 3 partes iguais, vertical e em seguida perpendicularmente.

  3. Acondiciona-se a moeda dentro desse invólucro; todo conjunto vai dentro de um envelope quadrado de dimensões que podem variar de 52 a 60 mm.

Imagem: O papel Canson nacional, de fabricação ruim, recortado manual e amadoramente, mas que continua sendo eficaz, mesmo que o aspecto estético fique comprometido. Deve ser recortado em um quadrado de aproximadamente 151 mm x 151 mm.

A moeda, já acondicionada em seu invólucro, está pronta para ser colocada no envelope.


Nota: Nas imagens foram usados materiais de fabricação nacional, já que muitos não dispõem de capital para comprar o materiam importado e nem de tempo para recortar os invólucros, usando régua e estilete. A seguir, o resultado final, agora utilizando o material europeu, de fabricação BENTES®: A moeda em seu invólucro é colocada dentro do envelope (também fabricado por BENTES SUPLEMENTOS PARA NUMISMÁTICA E FILATELIA), garantindo uma singular proteção ao exemplar, além de contribuir para preservar a pátina da moeda, sem os subterfúgios usados por pessoas que lançam mão de produtos químicos a fim de dar à moeda uma coloração "não natural".


Envelope: Material confeccionado por Bentes acessórios para numismática e filatelia.


Esse é o método que usamos, e que ao longo dos anos conquistou nossa confiança, mantendo as moedas íntegras no seu estado de conservação, inclusive auxiliando no processo de preservação da pátina original, melhorando seu aspecto geral.

Em outras palavras, apesar de não pretendermos ditar regras e nem desmerecer os produtos oferecidos no mercado e nem quem copia o que publicamos, apenas expomos aqui o resultado de nossa experiência em lidar com moedas ao longo de todos esses anos, o que acreditamos ser nossa obrigação repassar ao leitor, já que alguns diletantes tem ensinado a coisa de forma equivocada ou omitindo informações por pura ignorância (por ignorarem o assunto...não existe aqui a conotação ofensiva).

Alguns numismatas confeccionam seus próprios envelopes, o que pode se constituir em solução muito boa; porém onerosa, já que o bom material deve ser realizado com papel importado "acid free" (os da fabicação nacional não prestam). Fazem isso por possuírem milhares de exemplares, o que por si só justifica a decisão de confeccionar o próprio material, ou adquiri-lo de fonte idônea, o que inexiste atualmente no país. Nós da BENTES®, somos os únicos fabricantes com uma filial em São Paulo, mas devido ao cãmbio sempre desfavorável ao Real, a importação dos nossso suplementos é inviável comercialmente.


Existem, no mercado internacional, envelopes de papel de muito boa confecção e qualidade, principalmente os europeus e americanos. Para o acondicionamento desses envelopes, aconselhamos pequenas caixas de cartão, ou de madeira, confeccionadas com esse objetivo, e em medida padrão suficiente para contê-los.


A título de exemplo, passamos ao leitor o método que usamos em nosso negócio e no acondicionamento do nosso acervo particular.

  1. Usamos sempre, e unicamente, o método desenvolvido por César Bulgarelli. As moedas vem acondicionadas em papel do tipo Canson, de marca italiana exclusiva, de Fabriano, e inseridas em envelopes de nossa confecção, de medidas 52 mm x 52mm.

  2. Em seguida, o envelope contendo a moeda é colocado em caixa de cartão (ou madeira de lei) de medidas internas 55 mm x 55 mm x 250 mm, o suficiente para conter 80 moedas. O leitor pode optar pelas medidas 55 mm x 55 mm x 200 mm, espaço interno suficiente para acondicionar 65 moedas.

  3. Essas caixas, por sua vez, podem ser guardadas em armários feitos sob medida ou mesmo naqueles que encontramos em lojas de móveis ou ainda em cofres (melhor opção). Por se tratar de um hobby nobre, muito ligado à arte, história e antiguidade, somos de opinião que a estética deva conduzir a preferência do colecionador.

Figura: Resultado obtido em moeda acondicionada pelo "Método Bulgarelli"®. Após alguns anos de conservação, o exemplar adquiriu um brilho e pátina cor de elefante ainda mais espetaculares do que possuía anteriormente, sem adição de produtos químicos, apenas pelo correto armazenamento do exemplar de prata, metal que se devidamente guardado, adquire essa coloração fresca e bela.


Em seguida, as moedas podem ser dispostas em caixas de cartão rígido como as que se vêem na imagem a seguir. São econômicas, mantém as moedas distantes da humidade, podendo ser substituídas por novas, devido ao baixo custo.


Nota: Apenas em vitrinas de negócios deve-se usar os expositores aveludado ou flocado, como que se vê na figura abaixo. Este tipo de material não é aconselhado para quem está iniciando a colecionar e ainda não possui a devida experiência em manusear as moedas. Os exemplares expostos em negócios permanecem na vetrina, sem movimentação, e quando retirados retornam aos seus cofres, evitando as marcas de contato, resultantes do atrito da moeda com o fundo aveludado ou flocado, um cuidado não observado pelo neófito.

A melhor forma é tratar a moeda como um diamante. Procure observar como os comerciantes de pedras raras como diamantes, esmeraldas, etc, acondicionam suas preciosidades. César Bulgarelli, quando criou o método que usamos há mais de 30 anos - patenteado pela Bentes com o nome “Método Bulgarelli”, em homenagem ao nosso saudoso e caríssimo amigo com quem convivi durante tantos anos em Petrópolis - o fez pensando justamente na forma com que os joalheiros guardam suas pedras lapidadas, em cofres.

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